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O último herdeiro,
selo do fim de uma linhagem,
sopesa em solo íngreme
seu também último respiro.
Diz:
“Fecha-te os olhos e dorme tranqüilo.
Imagina-te longe desta terra arrasada.
Sonha-te com o tempo de um amor a salvo.
Unge-te de coragem.
Faz de ti o teu desconhecido.”
A espuma ao canto de seus lábios,
a vista avultada por uma sombra cristalina,
- como palavras vaporizadas
pelo suor da terra –
eram o triste índice da verdade,
que nasce dos poros,
salga a boca,
imobiliza o testamento
do também último respiro,
de uma linhagem em fim:
o último herdeiro.