domingo, 29 de agosto de 2010

Desejado




Caminharei no teu olhar,
Por entre as sendas de tua íris:
rajadas de vento, ansiando o corte
que arrastará consigo nossos segredos.

Afastarei com cuidado
Os grãos de areia que,
revoando em ciclones castanhos,
rebatem em meu rosto refletido.

Terei sede quando, enfim,
Meu corpo escasso pedir socorro
E meus poros suarem toda a miragem
que,
tão longo,
habitou fundo a minha casa.

Assim,

Estancando o respiro
que antecede a palavra,

Acordarei deste sonho.

E as imagens,
concatenadas numa manhã de tanto esmero,
Serão apenas parcas lembranças:

Peças desconexas de brinquedo
Passando de dedo em dedo,
Enterrando-se em terra úmida,
Esperando o esquecimento;

Letras indecifráveis
De um manuscrito antigo,
Meneando-se melosas,
Feitas cantigas recitadas por crianças;

movendo-se do giro
do próprio ocaso;


tramontando o desejo
de existir
no tempo.

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