domingo, 17 de outubro de 2010

Palavra estrangeira III



O pé
que oscila
sobre as pedras arruinadas
não hesita:
seu movimento não rompe nada,
não cumpre qualquer desígnio;

rente ao metal contorcido,
não se afia o abandono em sua pele,
nem se dobra o acolhimento em seus dedos;



entra meramente.



No vulto róseo, que sobe ao ar
e acompanha o gesto humano,
a palavra trai-se
e cai exausta

“sem memória, sem angústia”.

Mutando-se,
ela arfa moribunda:


marca da passagem,
trata-se somente do sopro
da terra dissoluta.

2 comentários:

dansesurlamerde disse...

lindo.

é sempre bom vir aqui.

beijo.

Anônimo disse...

abandonado em sonhos perdidos, palavras que voam, contorcem e morrem.