Confio na sua capacidade de enganar o tempo;
Como os passos numa tarde sem pretensões,
Como as férias de infância: buraco na temporalidade fragmentada do cotidiano.
Agarro com força na sua cintura,
Quando você tenta avidamente alçar vôo.
Por mais breve que seja, sinto em você a leveza das nuvens
Que passam no céu como pesados navios - de puro aço -, flutando tranqüilos sobre o mar.
Suspiro em meio à sua fragilidade.
Sensibilidade que traz em si todas as canções do mundo:
mesmo aquelas que eu nunca ouvirei, os mais belos hinos cantados,
Murmurados num momento singelo de alegria.
Pesam sobre mim as coisas que deixamos para trás,
todos os dias,
Outonos que perdem suas folhas:
a naturalidade que envolve todos nós.
Creio na memória dos nossos corpos,
das minhas mãos que conhecem as suas:
nossos ossos tão assustados,
nossa carne com tanto medo da solidão.
Passeio pela vida com você,
como notas de piano passeiam sobre a melodia de uma música que é pura cadência.
Nosso lirismo, assim, não se fecha: ele se estende infinitamente, se esparrama em cada dia,
em cada hora, em cada minuto.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Bypass
Subitamente,
Os riscos amassados numa folha de papel,
Debaixo do meu travesseiro,
Não lhe são mais palavras.
Digo: "Me desculpe, voltarei logo."
Mas as palavras saltam aos olhos:
Como quando uma criança chuta uma pilha de folhas secas,
No mais terno inverno.
O que está plasmado ali - num âmbar em tons de amarelo e azul - é meu corpo,
Vivo e pulsante,
Que implica sobre o papel a pressão necessária para que uma dor seja eterna,
Que uma despedida escorra por entre os lábios,
Que uma plenitude dependa do sangue que é bombado em minhas veias.
Dou adeus como quem escreve um bilhete:
"Já volto".
Um bilhete que carrega meu corpo em seus traços
E que, como ele, é ironicamente levado pelo vento
Para debaixo da porta, ao vão da escada, por entre as almofadas...
Sumo como os traços despretensiosos da minha mão,
Curvada, rápida, desleixada.
No último suspiro do bypass,
Escrevo com meus lábios um bilhete que escapará,
aos poucos,
pelas frestas de sua memória.
Os riscos amassados numa folha de papel,
Debaixo do meu travesseiro,
Não lhe são mais palavras.
Digo: "Me desculpe, voltarei logo."
Mas as palavras saltam aos olhos:
Como quando uma criança chuta uma pilha de folhas secas,
No mais terno inverno.
O que está plasmado ali - num âmbar em tons de amarelo e azul - é meu corpo,
Vivo e pulsante,
Que implica sobre o papel a pressão necessária para que uma dor seja eterna,
Que uma despedida escorra por entre os lábios,
Que uma plenitude dependa do sangue que é bombado em minhas veias.
Dou adeus como quem escreve um bilhete:
"Já volto".
Um bilhete que carrega meu corpo em seus traços
E que, como ele, é ironicamente levado pelo vento
Para debaixo da porta, ao vão da escada, por entre as almofadas...
Sumo como os traços despretensiosos da minha mão,
Curvada, rápida, desleixada.
No último suspiro do bypass,
Escrevo com meus lábios um bilhete que escapará,
aos poucos,
pelas frestas de sua memória.
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