terça-feira, 1 de janeiro de 2008

River Road

Indecifrável movimento da estrada.

Cadência misteriosa esta que não se acanha em suspirar em meio às minhas entranhas.




Passando a curva, desvela-se o horizonte:

Em cima, em cima, em cima

as nuvens anunciam chuva.

Mais do que isso,

a partir de sua base plana, elas crescem em direção aos céus.

Sutilmente agarram a noite e puxam-na para baixo, avisando-me que, por mais que assim pareça, as coisas não são eternas.

A estrada tem esse poder: conecta lugares sagrados.



Deliciosa efemeridade.








Inconfundível movimento da estrada.

Como uma antiga música triste, que no rádio me pega de surpresa,





como um bilhete desbotado,

indecifrável,



a estrada sussurra ternamente em nossos ouvidos a condição humana:




somos seres em trânsito,




seres sós.

2 comentários:

Natália Fazzioni disse...

a estrada só encontra sentido no trânsito... e se parássemos nela? saberíamos só do tempo, mas não do rumo... será que eu parei? vejo o quanto passa, mas não passo. É estranho sentar no acostamento... sigo esperando a carona, você já me levou um tanto do caminho, com esse texto e as "escutações" (não gosto mais de conselho, vou banir do meu vocabulário).
beijo

Sydnei Melo disse...

Conecta lugares sagrados, mas os corta tb. Passamos por eles.

Assim como isto, as nuvens tb se embranquecem e se esvaem... tb temos luz.

E por conta da efemeridade das coisas, desta rapidez, é que sinto dentro de mim as palavras: não andeis sós.

Até.