terça-feira, 8 de maio de 2012

Longe

Longe
Longilínea
Um traço longe
A seca dobra do teu corpo
Longe.

A pílula engolida rápido em avanço

Minha carne
     treme
Como teia
     De um juramento:

 O horizonte, sempre longe.



 Mas
        no fio da hora,
                Tua linha na garganta

É perto, perto,
                 Dentro dentro.



Um rio repleto de cristais de gelo nunca derretidos.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Da justiça




Da justa escolha,
da escolha do justo.

Da escolha.
Do justo.

Descansa
no fio de cabelo

que separa
a promessa
do esquecimento

em uma velha
foto
perdida

no fundo do armário.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Felicidade



A cada estalo
do corredor,

envoltos
em oblíqua luz:
o cansaço da lei,
o apetite de uma promessa.


Inspira-se
o verniz da manhã

em amarelo
marrom
branco;


o suspiro suspende
o justo tempo
de qualquer escolha.


E hoje,
resta-o tão-somente,
como passos
insistentemente
não rangidos.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Uma canção de espera II



Aquela vez que

sempre
agora:

uma palmeira esboça
o sol
sempre

a oeste,

um amanhecer
sempre
inventado,

em barbantes
suspenso,

sempre
à espera.

domingo, 27 de novembro de 2011

Moi, le femme



Entre meios,
entre-coxas,
entressangue,
entre...

Entre:

aqui,
aqui,
aqui.

Aqui
não há eu,

não há,
não há,
não há:

moi.

A mulher não há.

Há,
entre meios,
sobre-coxas,
moi, le femme.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Resto



De todo este cansaço,
resta a mão
que tateia o escuro;

dela,
a réstia:
frestas
de gestos em falso;

contornos
amarronzados
na branca parede;

um espelho
que brilha e se apaga:

átimo indesejável,
corpo entretocado,
um carinho no esquecido,

penhor e latência
da urgência
deste cansaço.

domingo, 4 de setembro de 2011

Força fraca




Cai
a matéria:
a inércia da matéria.

E,
no infimíssimo,

cinde-se
amor:
promessa-amor.