Num lugar distante -
tão além -
Convidei-te para dançar,
refratar a luz fria de uma imensidão branca,
em passos improvisados,
sobre as fissuras do mundo de gelo.
Escalando notas, deslizando em sonhos
de quando eras criança
de quando patinavas numa fresta do tempo.
Lembro-me: amava-te desde então
Quando não acreditavas nas horas
E quando estavas imersa em sentimentos uníssonos.
Quero, nesta dança rodopiante,
nesta pintura que escorre a cada instante:
Sem qualquer propósito,
criar algo belo...
... amar-te de novo...
Penso que passei minha vida inteira à espera deste momento.
Na dança no gelo,
as fissuras nos dizem tanto:
enquanto toda luz - tanta luz em desespero - se vê impotente frente à união de nossos corpos,
as rachaduras mostram que este momento é real.
Por mais bela que seja a melodia entrelaçada,
intrincada em nossas mais distantes lembranças,
somos corpos que, após o rodopio, não têm outro destino
que não cair
sobre o gelo.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
River Road
Indecifrável movimento da estrada.
Cadência misteriosa esta que não se acanha em suspirar em meio às minhas entranhas.
Passando a curva, desvela-se o horizonte:
Em cima, em cima, em cima
as nuvens anunciam chuva.
Mais do que isso,
a partir de sua base plana, elas crescem em direção aos céus.
Sutilmente agarram a noite e puxam-na para baixo, avisando-me que, por mais que assim pareça, as coisas não são eternas.
A estrada tem esse poder: conecta lugares sagrados.
Deliciosa efemeridade.
Inconfundível movimento da estrada.
Como uma antiga música triste, que no rádio me pega de surpresa,
como um bilhete desbotado,
indecifrável,
a estrada sussurra ternamente em nossos ouvidos a condição humana:
somos seres em trânsito,
seres sós.
Cadência misteriosa esta que não se acanha em suspirar em meio às minhas entranhas.
Passando a curva, desvela-se o horizonte:
Em cima, em cima, em cima
as nuvens anunciam chuva.
Mais do que isso,
a partir de sua base plana, elas crescem em direção aos céus.
Sutilmente agarram a noite e puxam-na para baixo, avisando-me que, por mais que assim pareça, as coisas não são eternas.
A estrada tem esse poder: conecta lugares sagrados.
Deliciosa efemeridade.
Inconfundível movimento da estrada.
Como uma antiga música triste, que no rádio me pega de surpresa,
como um bilhete desbotado,
indecifrável,
a estrada sussurra ternamente em nossos ouvidos a condição humana:
somos seres em trânsito,
seres sós.
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