terça-feira, 3 de setembro de 2013

Navalha




Sobre o pesar das botas
sobre o fremir das coxas
condenso um saber

- sei que quero habitar esta latitude.

Sei que quero
morrer tua navalha
que sobe das botas à virilha
em linha contínua

- branca, longa, contínua -

sei que quero
tua navalha
tiritando meus pêlos.

E lá onde a linha foge
condenso um olhar:
silencioso, ele silencia.

A linha foge
escapa de baixo para cima
feixe que foge às botas às virilhas
escapa como luz
e onde ele estanca
sei que silencio

ali
condenso uma perplexidade
ali, o frêmito para
ali vivo obtuso
no agudíssimo ângulo
do teu olhar.

Nenhum comentário: