terça-feira, 16 de novembro de 2010

Casa



Não se está na casa.

À meia luz,

não se está na casa:

não se vê o número na parede.

No lusco-fusco,
não se está;

que se toque
na pedra branca,
arenosa,

que se sintam, lentamente,
na palma da mão,
recuos ao infinito,

que se arranquem com as unhas
farelos calcados
de sua presença;

Não está.

O sol oblíquo no rosto,
os lábios rentes ao muro,
rarefazem-se as sílabas
do estranho sempre familiar:

“nunca

se está”.


Na casa,
não.

Apenas.

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