quinta-feira, 10 de abril de 2008

Café


Sentado à beira do abismo,
entre a tentativa de um gole no café quente e o zumbido das pessoas que vêm e vão,

mantenho meu corpo em pé,
minha memória intacta,
minha consciência alheia.

Minhas pálpebras, no entanto, tremem a noite passada;
meus dedos mutilam-se impiedosamente,
meus pés contorcem-se às lembranças de pesadelos.

Sopro o café, que embaça meus óculos.
E depois? Qual será a próxima tarefa?
Pagar a conta, sair, chegar, esperar...

Soprar o café só me impede de ver o mundo por alguns segundos.
Quando, por fim, as lentes se desembaçam,
nada consigo ver:
os olhos apontam para mim mesmo.

2 comentários:

André disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Gostei. Bastante.