domingo, 16 de março de 2008
Goeldi
Navalhadas reluzentes cortam os olhos
Daqueles que a madrugada engole
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Em suas veias concretas:
O líquido preto e espesso que cobre a terra-natal.
A mente incandescente pede descanso.
Mas o sentido da luz é o centro da consciência...
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Navalhas reluzentes acariciam os cabelos
Prensados contra o vidro.
O homem só desliza sobre a cidade:
Organismo vivo
Sepulcro de milhares de flashes
Que, como o herói moderno, vivem e morrem
Sem sentido.
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Um comentário:
A navalha mais fina é opaca e discreta - uma folha de papel. Seu brilho nasce das pinceladas poéticas.
A tinta espessa, ao contrário, aqui não se faz em pincéis mas em machadadas.
Ao mesmo tempo, os olhos que se cortam sobre uma navalha me lembrou um filme bem antigo de Dali e Buñuel - "O cão andaluz". Perfeito.
Pensei imediatamente em folhas de papel afiando suas pontas nos olhos desse homem cravado na gravura. E a "tinta" negra dos seus olhos preenchendo o pote de tinta nanquim do qual o poeta se utiliza e escreve:
"
Organismo vivo
Sepulcro de milhares de flashes
Que, como o herói moderno, vivem e morrem
Sem sentido.
"
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