-Escuta... Estou indo na padaria, você quer alguma coisa?
-Não, obrigado.
Colocou a mão na maçaneta e girou-a sem, no entanto, puxar a porta: o trinco se recolheu tensamente.
-Viu...
Passou os olhos rapidamente pelo apartamento iluminado por uma cortina semi-fechada; o chão de taco estava opaco. No sofá, o violão buscava acordes num caderninho rabiscado.
-Hum... O quê?
Os olhos colocavam-se em seu devido lugar: dentro de uma longa inspiração. O trinco continuava recolhido à sua posição de iminente inconstância; mas, desta vez, a porta balançava num vai-e-vem milimétrico. Ao fim da expiração, o trinco liberou sua tensão.
-Nada, já volto. Até mais...
-Até.
E nunca mais voltou.
Melhor para o trinco, que pôde continuar em sua deliciosa resignação.
domingo, 30 de setembro de 2007
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